terça-feira, 11 de outubro de 2011

II Conto - A Rosa

Ele, a uma distância segura finge ler algo em seu caderno, um pretexto apenas para vê-la olhando através da janela. O que será que ela está pensando?Certamente as nuvens tempestivas lá fora são mais interessantes que a aula de química.
O sinal toca anunciando a chegada do intervalo. Todos se levantam e uma explosão de vozes e risos preenche toda a sala.


Ele, por nome Yoshio,sente graça ao ver que a menina perdida em devaneios nem se mexe,parece não se importar com esse mundo. Aos poucos, como se tomasse consciência do próprio corpo ela suspira profundamente e tira da bolsa um pequeno livro com uma pintura medieval na capa.
Interessante. Pensa Yoshio.
Ele pega uma barra de cereal em sua mochila, começa a comê-la e continua, discretamente, observando ela.
Seu celular apita. SMS. Ele lê. Compromissos e planos feitos pelo seu pai para ele. Será que algum dia ele poderá ser ele mesmo?Sem planos, compromissos, comportamento ou um manual de conduta eleito por outrem para guiar sua vida. Não. Finais felizes só existem nos contos.
 “Vocês estão liberados, o professor de matemática faltou.”-Informou alguém da coordenação.
Os alunos que estavam na sala pegaram seus materiais e saíram afoitos para avisar o restante da turma.
 “Graças aos Céus e a Terra não vou ter que aturar matemática hoje.” Pensou Ella pegando seus materiais e colocando-os na bolsa. Olhou novamente pela janela e saiu antes que começasse a chover. Longo percurso até o trabalho. Pelo menos teria mais tempo para almoçar. Sorriu com esse pequeno prazer, um pouco mais de tempo para ela.

Ella andava apressada por entre a multidão que insistia em sair às ruas nesse tempo ruim. Os ventos tempestivos fustigavam violentamente as árvores. O céu, de um cinza lúgubre, ameaçava a população com a promessa de uma enchente.
Uma enchente para transbordar todo esgoto.Sim.Como Ella gostaria que isso acontecesse com os humanos.Uma enchente que transbordasse toda podridão contida nas veias de cada ser humano,veias essas como canos caiados,que precisam ser lavadas.Isso sim seria bom.
Somente ela enxerga beleza na destruição.Sim.É preciso destruir algo para surja o novo.
Limpar todas as galerias interiores para que do charco nasça algo de bom.
“Possam os Deuses da chuva serem compassivos e terem piedade dos necessitados.”Pensou Ella entrando no Call Center para mais uma jornada de trabalho.

Continua.

Um comentário:

  1. Ella voltoooooooooooou :) aiii fiquei super feliz com mais esse "episódio" com a Ella. E esse Yoshio hein, ele vai gostar dela é? AFF escreve maaaaaaaais !!!

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