terça-feira, 11 de outubro de 2011

Tempo

Tudo que ela queria era ter amigos, amigos de verdade, aqueles que mesmo com o tempo e a distância continuam com um sorriso no rosto e uma palavra de conforto. Seria tão bom voltar à infância e sair correndo na chuva, pisando nas poças e rindo, sujar-se de lama.
O antigo gosto de algodão doce e remédio para tosse. Lembranças.
 Memórias de algo bom que hoje machuca, uma dor excruciante, contida no peito, como se ela tivesse engolido uma bola de baseball.
Após longa data olhando os velhos álbuns de infância de seus antigos amigos ela percebe que algo está faltando.Creio que ninguém notou por ser pueril demais,mas ela,por ser sensível percebeu que o que faltava nos álbuns era ela.
Será que tudo o que tivemos foi apagado pelo tempo e eu,por ser insignificante desapareci junto?
Risos, conversa alta, uma dose de whisky e você é o máximo.
Todos te olham,te admiram,esquecem o passado e tiram uma foto linda,toda sorrisos,uma forma de eternizar o momento,apenas aquela fração vulgar de tempo que não serve para aplacar a dor interior.
Momento,felizes na fotografia,como se fossem imortais.Sem ressentimentos,sem contas a pagar,sem problemas,somente  um sorriso falso estampado na face para mostrar a alguém que eles existem.
Mas o que eles não percebem é que o tempo deles passou.
O que era lindo,ficou feio.
A cobiçada agora é rejeitada e mãe de três filhos.
O certinho está preso.
E o tempo implacável os amaldiçoou.Sim.Por matarem sua criança interior hoje estão velhos.
Mas ela que pelo tempo também foi esquecida,mudou.
Os quilos extras da adolescência perdeu e o cabelo pintou.
Deixou de querer agradar a todos e agora se valoriza.
Para infância perdida e as pessoas que a esqueceram ela deseja uma coisa:esquecimento.
Agora ela vai seguir sua vida sem estar presa ao passado.
De que adianta um fardo sobressalente?É chegada a hora de apagar aqueles que não acrescentam mais nada e deixar espaço livre para os novos que virão.
Ela com um sorriso aberto e o coração pronto.

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